sábado, 8 de abril de 2017

População síria sofre com ataques em meio a embate geopolítico entre Rússia e EUA.

Ataque químico contra rebeldes matou ao menos 80
pessoas, incluindo 27 criançasREUTERS/Bassam Khabieh
Em meio ao embate geopolítico que Rússia e EUA travam na Síria e à falta de ação de outras nações, o povo sírio continua a viver em estado de calamidade. A guerra civil que assola o país desde 2011 divide o governo e opositores, deixando também milhares de vítimas civis. Extremistas do EI (Estado Islâmico) dominam parte do território sírio, espalhando ainda mais terror na população.
Russos defendem o governo de Bashar al Assad e consideram o presidente um aliado na luta contra o terrorismo. Já os americanos questionam a legitimidade de Assad, explica Fernanda Magnotta, coordenadora de relações internacionais FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado). Ambos agem realizando ataques com mísseis e bombardeios que já tiraram a vida de civis. 

— É um campo de batalha conceitual e nessa quem sofre é o povo. EUA e Rússia têm interpretações muito diferentes sobre seus próprios papéis nesse conflito e sobre o que é melhor para a Síria. Os americanos têm a tendência em defender a implementação de agenda democrática. Eles acreditam que, desde a Primavera Árabe, o governo Assad não é mais legítimo. Por isso, mesmo durante o governo Obama, tinha toda essa ideia de apoiar os rebeldes sírios, de buscar a substituição do Assad, e o combate ao terrorismo que era visto como uma segunda frente de ação. Do outro lado, nós temos a Rússia, que mantem, há muito tempo, essa relação estratégica com a Síria e que também tem interesse em combater o terrorismo, mas que entende o governo Assad como um aliado nessa luta. E que não aceita a ingerência política de outros países no sentido de substituir um governo que, na leitura deles, é um governo legítimo.

Nesta semana, a situação se tornou ainda mais complicada após o governo de Assad ser acusado de usar armas químicas em um ataque contra rebeldes, que matou ao menos 80 pessoas, incluindo 27 crianças. Em resposta, Donald Trump autorizou um ataque de mísseis americanos contra uma base área síria. Nove civis, incluindo quatro crianças, foram mortos.

— Essa é uma situação bem delicada, que pode não avançar e se circunscrever a esse episódio isolado, como também pode apresentar um potencial de escalda. O que vai determinar esse cenário é o tipo de comunicação que for estabelecida entre EUA e Rússia, e quanto cada um deles vai estar disposto a ceder, em termos daquilo que eles praticam com a Síria. Eu tendo a acreditar que o ataque dos EUA foi isolado, que por conta própria já cumpriu o papel pretendido e marcou as posições que eram interessantes para o governo americano. Mas a reação é sempre imprevisível.



Fonte: R7

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