Renan
diz que aumento de impostos parece 'improvisação.
O
líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), escolheu nesta quinta-feira
(23/3), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como alvo de suas críticas e
disse que a ideia do governo de aumentar impostos para evitar um corte mais
robusto no Orçamento parece uma "improvisação". Horas antes,
Meirelles havia dito que, entre as alternativas para elevar a arrecadação
federal neste ano estão a alta de tributos e a privatização de usinas
hidrelétricas.
"Meirelles não pode
fazer esse tipo de declaração porque isso desmerece a credibilidade dele",
afirmou Renan. "Ele é fator de estabilização, não de desestabilização. Não
se pode improvisar usando esse tipo de argumento, como 'se houver venda de
hidrelétricas', 'se' isso, 'se' aquilo..."
Ex-presidente
do Senado e citado pela Operação Lava-Jato, Renan está em atrito com o governo
desde o início do ano. Nos últimos dias, atacou a reforma da Previdência, que
definiu como "exagerada", bombardeou a escolha de Osmar Serraglio
para o Ministério da Justiça e disse que o Palácio do Planalto está sob
influência do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Lava
Jato.
"Comemorar a queda
da inflação e dos juros, com esse nível de desemprego e essa recessão, acaba
passando a ideia de que o País é apenas estatística", criticou o senador.
A
equipe econômica anunciou na quarta-feira (22/3) que o Orçamento para este ano
tem um rombo de R$ 58,2 bilhões. Meirelles repetiu na quinta que o aumento de
receitas é fundamental para evitar um corte de gastos muito alto. O governo
teme que, se a tesourada for além da conta, haja paralisia administrativa,
tornando inviáveis os programas sociais.
Balança
O
núcleo político do Planalto quer um contingenciamento inferior a R$ 40 bilhões,
mas, para tanto, será preciso elevar tributos. O tamanho do aumento de
impostos, porém, dependerá dos processos judiciais que devem ser julgados nos
próximos dias, entre eles alguns envolvendo a liberação de usinas hidrelétricas
para privatização.
"O Congresso tem
ajudado o governo de todas as formas, mas não é possível suportar aumento de
impostos. Nós fizemos a repatriação e toda essa anistia justamente para não
sobrecarregar ainda mais o contribuinte", insistiu Renan.
Auxiliares
do presidente Michel Temer interpretaram os últimos movimentos de Renan como um
sinal de que ele se sente "desprestigiado". Na quarta-feira, o
senador não compareceu nem mesmo a uma reunião com Temer e líderes de partidos,
no Planalto, para discutir a reforma da Previdência.
Via Correio Braziliense
Fonte: Agência Estado
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