Bancos
suspendem empréstimos consignados em estados endividados.
Os
bancos estão suspendendo empréstimos consignados a funcionários públicos de
estados que estão enfrentando problemas financeiros. Segundo sindicatos de
servidores consultados pelo GLOBO, o veto a novas operações acontece em pelo
menos três unidades da federação: Rio de Janeiro, Tocantins e Amapá. O motivo é
que, embora os governos desses estados venham descontando a parcela do
consignado dos salários dos funcionários, os recursos retidos não estão sendo
repassados às instituições financeiras. Muitos servidores, inclusive, tiveram o
nome incluído nas listas de maus pagadores do Serviço de Proteção ao Crédito
(SPC).
A
Associação Brasileira de Bancos (ABBC), que representa os bancos médios, com
forte atuação no segmento de crédito consignado, confirma a suspensão das
concessões desse tipo de empréstimos a servidores de estados que deixaram de
pagar as parcelas dos funcionários e diz que está em negociação com esses
governos para regularizar a situação. Por isso, explica a ABBC, as instituições
associadas ainda não recorreram à Justiça.
O
diretor da Associação dos Bombeiros Militares do Estado do Rio de Janeiro
(ABMERJ), Marcelo Mata, conta que os colegas não estão conseguindo contratar
novos empréstimos consignados. Ele mesmo conta ter sido incluído em cadastro
negativo por causa do calote do estado aos bancos. Mata confirma que
mensalmente a parcela do seu empréstimo, feito no ano passado, é descontada de
seu salário. Segundo ele, esse problema é recorrente entre os colegas da
categoria.
— O valor da prestação é
descontado no contracheque do servidor, mas não é pago ao banco. Isso quer
dizer que o governo está fazendo caixa e, na berlinda, está o CPF do servidor —
queixa-se Mata.
Ele
conta que o setor de cobrança do Bradesco liga várias vezes ao dia. Por isso, a
solução foi recorrer à Justiça, mas sua ação contra o governo fluminense ainda
não foi julgada.
Procurada,
a Secretaria da Fazenda do Rio confirmou que precisou atrasar parcelas de março
e abril, por causa dos arrestos judiciais no caixa do estado naqueles meses. O
órgão informou ainda que ainda não houve ações dos bancos contra o estado
(judicialização) uma vez que, de abril para cá, os pagamentos estão sendo
feitos de acordo com o estabelecido. O governo do Rio calcula que o valor
devido aos bancos por conta das parcelas não repassadas gire em torno de R$ 500
milhões. O órgão destacou ainda que o decreto estadual 45.563 impede a
negativação do nome do servidor nos órgãos de proteção ao crédito, punindo a
instituição que tomar esta iniciativa com o seu descredenciamento.
Fonte: Agora RN
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